segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Lançamento do livro "O LEGADO DA CULTURA TROPEIRA" em Papanduva-SC em 26/11/2010


FLAGRANTES DO LANÇAMENTO DO LIVRO "O LEGADO DA CULTURA TROPEIRA" NA CASA DA CULTURA DE PAPANDUVA-SC



O lançamento do livro no municipio de Papanduva aconteceu no dia 26 de novembro de 2010, às 15h00 tendo a honra de contar com a presença de 70 pessoas dentre as quais o Prefeito Municipal Sr. Luiz Henrique Saliba, a Vice-Prefeita Sra. Sandra Silva. Foi um momento de muita alegria e emoção visto que o livro trata da cultura formadora do homem do Planalto Norte Catarinense e em particular do homem de Panpanduva. Ficam aqui os nossos eternos agradecimentos ao Poder Público Municipal, à Diretora da Casa da Cultura e a todo povo papanduvense pela organização do lançamento do livro: "O Legado da Cultura Tropeira". Mais uma vez, nosso muito obrigado!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Pontos de Venda do Livro: "O Legado da Cultura Tropeira


VENDA DO LIVRO "O LEGADO DA CULTURA TROPEIRA"

- Em Mafra-SC: Na Imobiliária Thiago Moreira - em frente ao supermercado Belém ou com o próprio autor na UnC/Campus Mafra

- Em Papanduva-SC: Na Farmácia ESTELAMARES
Valor R$: 15,00

Lançamento do livro "O Legado da Cultura Tropeira" em Mafra-SC em 24/11/2010

FLAGRANTES DO LANÇAMENTO DO LIVRO "O LEGADO DA CULTURA TROPEIRA" NO HOTEL SUSIM


O evento contou com a participação de 110 convidados, representantes da Universidade do Contestado - UnC/Campus Mafra, representantes das secretarias de Cultura das Prefeituras Municipais de Mafra e Rio Negro, representantes dos Prefeitos, grupo de pesquisa e do grupo Cordas Caboclas que com suas músicas de raiz fez os convidados entrarem no contexto da obra.

Lançamento do livro "O LEGADO DA CULTURA TROPEIRA" na localidade de Augusta Vitória em Mafra-SC em 19/11/2010

FLAGRANTES DO LANÇAMENTO DO LIVRO "O LEGADO DA CULTURA TROPEIRA" NA LOCALIDADE DE AUGUSTA VITÓRIA



A comunidade de Augusta Vitória esteve no decorrer de todo o processo de pesquisa envolvida com o grupo de trabalho, ora em reuniões, ora com depoimentos para a produção da obra e no dia do lançamento do livro preparou uma deliciosa janta, com o sabor da colônia, que jamais será esquecida pelos 300 convidados presentes vindos de Saltinho do Canivete, Bela Vista, Guarupu, Estiva, Cedro e Rio Negro. Uma festa jamais vista no interior de Mafra, uma noite de autógrafos.






Livro “O Legado da Cultura Tropeira” será lançado hoje
Por Gazeta de Riomafra Publicado em 24/11/2010




Obra contribui para o resgate da identidade sócio-cultural do homem do Planalto Norte Catarinense, suas origens, hábitos e costumes


Hoje acontece o lançamento do livro “O Legado da Cultura Tropeira”, do professor Sandro César Moreira da Universidade do Contestado – UnC, a partir das 20h, no Hotel Susin. O livro é resultado de uma pesquisa realizada entre dezembro de 2009 a setembro de 2010 e tem como objetivo o levantamento dos vestígios e legados sócio-culturais do movimento tropeiro para a região cortada pelo caminho das tropas de Mafra a Papanduva. A pesquisa teve início por meio do Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura – um programa de seleção pública de projetos culturais da Secretaria de Estado Turismo, Cultura e Esporte, Fundação Catarinense de Cultura e Conselho Estadual de Cultura, destinado a estimular a produção, circulação, pesquisa, formação, preservação e difusão cultural de trabalhos artísticos de pessoas físicas e jurídicas, com ou sem fins lucrativos, domiciliadas ou registradas em território catarinense.
No dia 19 de novembro acontecerá o pré-lançamento do livro na capela de Augusta Vitória, comunidade que abriga ainda hoje famílias dos tropeiros que passaram pela região.

Parcerias:

A Prefeitura de Mafra, através da Secretaria Municipal da Cultura, Esporte e Turismo, apóia a iniciativa do autor no lançamento desta obra. Para a diretora de Cultura, Kátia Lansky, qualquer publicação que remeta à história de Mafra é de grande importância ao município. “Livros que retratam a formação da cultura e etnia do nosso povo são grandes fontes de pesquisa, tornando-se um material de referência histórica para o município”, ressaltou.
O livro contou também com o apoio de parceiros como a Fundação Catarinense de Cultura, Prefeituras Municipais de Itaiópolis e Papanduva, UnC, Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte e Governo do Estado de Santa Catarina.
Referências:

A coordenação do projeto tomou como referência o trabalho desenvolvido pela Uniplac em parceria com a UnC que levantou e demarcou em 2006 o caminho original, bem como os pontos de pouso da antiga Estrada da Mata no trecho que corta o Estado de Santa Catarina, do passo de Santa Vitória, no rio Pelotas ao passo do rio Negro, em Mafra.
A obra está dividida em quatro capítulos, sendo que no primeiro são abordados os elementos históricos constitutivos do significado da antiga estrada da mata para unidade territorial, política e econômica do Brasil, bem como, as características sócio-culturais do homem que forjou a cultura social do planalto catarinense. No segundo capítulo estão apresentados os vestígios, pontos de pousos e localização da antiga estrada no recorte geográfico de Mafra a Papanduva com relatos de antigos moradores, há muito residentes no recorte do espaço-temporal estudado. No terceiro capítulo estão evidenciados além das denominações dadas pelos tropeiros aos vários rios, acidentes geográficos, que se mantém até os dias atuais, como por exemplo: Arroio do Passo, Morro do São Lourenço, Quebradente, Passo do Butiá, Sepultura, dentre tantos outros, as lendas e causos, a cozinha e selaria tropeira. E, no quarto e último capítulo, uma síntese do legado da cultura tropeira na região estudada.

Legado:

O legado cultural dos tropeiros paulistas está evidenciado na região de Mafra, Itaiópolis e Papanduva, na linguagem, nos hábitos e costumes destacados nas histórias de causos e lendas. “Embora a criação política dos municípios seja recente, Mafra com 93 anos, Papanduva com 56 anos e Itaiópolis com 92 anos, o início da passagem pela região de bandeirantes e posteriormente tropeiros, data da primeira metade do século XVIII. Isto há 275 anos, momento que tem início a história da formação sócio-cultural do homem do planalto catarinense”, explica o professor Sandro.
Trabalho de pesquisa:
Segundo Sandro Moreira, inicialmente foram feitas reuniões com as comunidades arroladas na delimitação do projeto para analisar e realimentar os encaminhamentos metodológicos, grupos de trabalho com membros da comunidade e acadêmicos dos Cursos de História, Pedagogia e Sistema de Informação da UnC – Mafra. Em seguida foi feito treinamento do grupo em pesquisa e preservação do patrimônio histórico social e natural. No decorrer do processo se fez a identificação da imaterialidade cultural e do levantamento através de pesquisa oral, com memorialistas da região e entrevistas com os habitantes residentes ao longo do antigo caminho. “O resultado buscado não é outro que não contribuir para o resgate da identidade sócio-cultural do homem do Planalto Norte Catarinense, suas origens, hábitos e costumes, particularmente a razão de seu modo de ser”, conclui Sandro.

Confira trecho do livro:

Estela da Costa Ribeiro, ao se referir a mula sem cabeça, conta uma passagem inusitada que seu pai teria vivido: “Ele estava andando de mula à meia-noite, e lá em certa altura, vinha vindo em sentido contrário àquela mula sem cabeça, parecia uma tocha de fogo, mas ela vinha que vinha, rinchando diz ,[...] quando viu aquilo, desapiou do cavalo, ao lado de uma lagoa e ficou ali, tirou o calçado, abaixou a cabeça,e diz que a mula vinha e se jogava com os pés contra ele, e voltava rinchando, e ele, ali rezando de cabeça baixa, de repente, lá vinha a mula de novo, chegava bem pertinho, e após uma hora sofrendo com a mula, ela veio mais uma vez e foi embora, e não mais voltou, meu pai contou que passou muito horror”.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O SIGNIFICADO DO CONTESTADO PARA MAFRA-SC

Prof. MSc Sandro César Moreira
Historiador
UnC/Campus Mafra
MUNICÍPIO DE MAFRA-SC - BRASIL

Em 1915, passados 62 anos, vários foram os acórdãos, embargos e indecisões quanto à questão do contestado, iniciada no ano de 1853 entre Paraná e Santa Catarina, quando o então Presidente da República, Sr. Wenceslau Braz, promoveu um encontro entre os governadores dos dois Estados e solucionou a pendência com o acordo de 20 de outubro de 1916.

Assim, em 23 de fevereiro de 1917 e 03 de março do mesmo ano, as Assembléias estaduais do Paraná e de Santa Catarina, respectivamente, reconheceram as linhas do acordo. E, a 03 de agosto de 1917, o Presidente da República pelo decreto nº 3.304, sancionava a homologação do ato, feita pelo Congresso Federal, estava assim encerrada a pendência litigiosa entre os dois Estados.

Deste modo, em 25 de agosto de 1917, a lei catarinense de nº 1.147 criou o município de Mafra, área de 1.383 quilômetros quadrados, o qual contava com aproximadamente 10.845 habitantes, sendo que destes, 2000 eram residentes e domiciliados na sede. O município foi instalado no dia 08 de setembro de 1917 à margem esquerda do rio Negro e tendo como limites demarcados ao norte Rio Negro-PR, a leste Rio Negrinho-SC, a oeste Canoinhas-SC, e ao sul e sudoeste Itaiópolis e Papanduva.

O nome Mafra foi dado em memória ao Dr. Manoel da Silva Mafra, desembargador que defendeu os interesses catarinenses na questão contestada.

Mas, falar em Questão Contestada, do fato que levou ao surgimento do município de Mafra, somos logo remetidos ao tempo do Monge São João Maria de Agostinis e as curas e milagres a ele atribuídas, como também aos conflitos armados sangrentos, quando aproximadamente 20.000 pessoas perderam a vida na área litigiosa.

E nesse aspecto, o questionamento mais comum que muitos fazem é: houve combate do contestado em Mafra? E a resposta não poderia ser outra: Não! Este questionamento e tantos outros são feitos pelo povo local e não sem razão uma vez que a região de Mafra era parte da área em litígio entre os dois Estados.

Entretanto, de todos os conflitos armados deflagrados na área contestada, também conhecida como Guerra do Contestado, um deles, o Combate do Irani de 1912, tem certa relação com o litígio territorial entre os dois estados PR e SC, já todos os demais, citando os mais significativos como o Combate de Taquaruçú, o Combate de Caraguatá, O Combate em Calmon, A morte de Matos Costa, Combate de Santa Maria e outros foram conflitos sociais armados, os quais aconteceram dentro da área litigiosa entre os dois Estados, sem, contudo ter relação direta com a disputa territorial.

Estes conflitos foram um confronto dos habitantes do sertão (caboclos) contra os interesses dos coronéis fazendeiros que a partir do final do Império passaram a se apropriar de terras devolutas na região do atual meio-oeste e planalto norte catarinense e contra os interesses do Capital Estrangeiro instalado na área contestada, representados pela Lumber e Estrada de Ferro, ambos os empreendimentos pertencentes ao empreendedor Norte Americano Percival Faquhar.

O conflito tomou proporções grandiosas, haja vista, o envolvimento de 80% do exército brasileiro, do corpo de segurança pública de Santa Catarina, do Corpo de Segurança Pública do Paraná, dos grupos de jagunços armados liderados pelos coronéis e somando-se a estes o interesse do Capital Estrangeiro, todos contra os caboclos, os quais no início possuíam como armas nada mais do que facões de pau.

Mas, quanto ao município de Mafra, se não houve conflitos armados na região, como este participou da questão contestada?

Primeiramente devemos considerar, que embora não tenhamos tido derramamento de sangue no município, Mafra é resultado direto da questão política entre os dois Estados, visto o domínio do Paraná, e mais propriamente o município de Rio Negro que no acordo de limites foi cortado ao meio, ficando a margem esquerda do rio Negro para SC.

Segundo, o rio Negro era uma importante via de transporte fluvial, cujos atracadouros, localizavam-se em ambas as margens, no centro das atuais cidades Rio Negro e Mafra. As Chatas, como eram conhecidas as barcas, transportavam, além de gêneros alimentícios, madeira e erva-mate, produtos que constituíam a base econômica da região. A erva-mate era trazida da região de Canoinhas e Marcilio Dias para Mafra e desta localidade, em carroções era transportada para Joinville.

E, na época do conflito político e social do contestado, apesar de não podermos mudar a história com relação às operações militares, a geografia hidrográfica da região permitiu, através do transporte fluvial, que fossem trazidos os armamentos e munições até Mafra e, em carroções carregados para as frentes de batalha no morro do Taió e para o cerco do Reduto dos Tavares no alto da região do Craveiro, então interior de Itaiópolis.

Também em Mafra esteve à sede das operações militares sob as ordens e comando do General Setembrino de Carvalho, o qual organizou as 4 grandes linhas de operações, passando e partindo a linha leste (Diário de operações do Gen. Setembrino de Carvalho - 1914), do município de Mafra em direção ao sul.

Assim, finalizando esta pequena abordagem sobre o significado histórico do contestado para Mafra , podemos concluir que o município além de ter sido um legado do processo litigioso entre PR e SC, também foi uma das grandes portas de entrada das operações militares.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Embora o município de Mafra tenha o 8 de setembro de 1917 como data de seu aniversário, devemos lembrar, que a data corresponde a criação do município pela Assembléia Legislativa após o término do litígio territorial entre Paraná e Santa Catarina, denominado de Contestado no ano de 1916. Já com relação a origem do povoamento, isto remonta a 1772, que segundo D. Luiz Antônio de Souza sobre o itinerário feito por um prático, da cidade de São Paulo para o Continente de Viamão relata: “[...]O rio Negro he caudalozo, tem canoas e há moradores que vendem alguns poucos gêneros”(1901, p.58).

O relato evidencia tanto o surgimento do povoamento como do comércio na região, para o qual se tem como hipótese negociarem com a pequena população local e em particular com os viajeiros, condutores de tropas de mulas e de tropas de cargueiros.

As tropas cruzaram a região por aproximadamente 200 anos, tendo a rota poucas variantes, sendo o trecho de 40 léguas da Lapa-PR a Lajes-SC um sertão habitado por índios Xokleng e Kaingang.

O trecho cruzado por tantos anos, com tantos animais, sobre o mesmo caminho, deixou no solo profundos sulcos, o que constitui hoje os vestígios da passagem dos tropeiros pela região.

O rumo desse caminho no antigo povoado de Rio Negro registrado em documentos interessantes datados do ano 1772 e em mapas antigos datados do início do século XX e nos manuscritos de Juvino Tabalipa, descreve: “De Augusta Vitória o caminho seguia para o Saltinho, daí ao Morro Grande, a Lagoa Seca e passando por Bela Vista ao Butiá, cujo ponto de pouso era na propriedade do então tropeiro e empreendedor comerciante João Braz Moreira. Do Butiá ao arroio Taquaral, daí as terras de cultura até o rio São Lourenço, passando pelo Quebradente, seguindo para o arroio dos Hau e, deste ao arroio da família Peters. Daí o caminho seguia para o arroio da família Auresvaudt, seguindo para o arroio do paço, já na cidade e, deste ao passo do rio Negro”.

Em Augusta Vitória, na cabeceira do rio Guabiroba, na propriedade da família Portela, encontra-se um caminho fundo, assim por nós denominado, com aproximadamente 1000 metros de extensão, com 1,5 metros de profundidade por 1,5 metros de largura. Nesse local os tropeiros faziam pouso. A hipótese, que se levanta para que o local da Guabiroba tenha sido escolhido como ponto de falha, para o descanso, tanto dos tropeiros quanto dos animais, está no fato da geografia da região se constituir num vale, o que possibilitava a ronda e a segurança dos animais.

Próximo a este ponto de pouso, a poucos metros do caminho, há a gruta de Santa Ermida, na linguagem da população local: Santa Emídia, que segundo eles, foi onde o Monge São João Maria, o qual andava pelo caminho das tropas, teria parado para descansar. A Lapa incrustada num paredão de pedra, com aproximadamente 6 metros de extensão, com 4 metros de largo e com cerca de 2 metros de alto, é abastecida por um riacho, que na gruta forma uma cachoeira, cuja água, para a população, é santificada. Muitos são os devotos a visitarem o local, onde está montado um altar, mantido com muitos santos e flores.

Além da gruta, há um pequeno cemitério, também mantido pelos moradores até os dias de hoje, e sobre o qual contam que: “Quando um grupo de tropeiros parou para fazer pouso, dois tropeiros brigaram por um pedaço de torresmo, e durante o entrevo sacaram os revólveres e, que na tentativa de um defender-se do outro, acabaram atirados os dois, os quais foram sepultados no local”.

A região cruzada por este antigo caminho, na época, era um sertão, “[...]mato de muito máo caminho” (documentos Interessantes, 1901, p.58).Saindo da Guabiroba, os tropeiros cruzavam por um terreno muito íngreme, então localidade de Saltinho, hoje Avencal do Saltinho, numa extensão de aproximadamente 300 metros, sendo que nesse local, encontram-se, muito bem preservados os vestígios do caminho, os quais são caminhos fundos, com mais de 1,5 metros de profundidade, com taipas construídas para evitar o desmoronamento das barrancas do caminho, os quais constituem muros de pedra, só encontrados nas regiões de Santa Cecília e Lages.

A região de Augusta Vitória e Saltinho, no interior do município de Mafra, dentre, todo o trecho do caminho que compreende de Curitibanos ao passo do rio Negro, detém em seu solo ricos vestígios do caminho e passagem dos tropeiros, os quais estão evidenciados nos caminhos fundos, e nas taipas, muito bem preservados. A hipótese para esta preservação, está no fato dos tropeiros terem cruzado por áreas que até o momento impossibilitaram a prática da agricultura e da pecuária. Além do que, muito desses vestígios encontram-se praticamente dentro de uma floresta, com geografia de relevo bastante íngreme.

Do Saltinho os tropeiros seguiam para a região da Sepultura, hoje Bela Vista. Sepultura, nome dado pelos tropeiros, pois, a região era povoada por índios Xokleng e Kaingang, os quais tinham como prática atacar e saquear os viajeiros, o que denota ter sido a região extremamente violenta, daí o nome Sepultura. Mas tarde, a população local mudou o nome para Erveira, dada a grande quantidade de Ervais existentes. E, finalmente a comunidade decidiu pelo nome de Bela Vista, o qual se mantém até os dias de hoje.

A região de Augusta Vitória a Bela Vista, constitui um rico sitio arqueológico, pois, são encontrados muitos utensílios, objetos da cultura indígena, como por exemplo: pontas de flecha, mãos-de-pilão e machadinhas feitos em pedra.

Além dos vestígios arqueológicos, há também um rico sítio paleontológico da Era Paleozóica, Período Permiano, com um tempo de aproximadamente 200 a 250 milhões de anos atrás.
De Bela Vista o caminho segue ao ponto de pouso no Butiá do Braz, no passo do rio Butiá. O nome Braz deve-se a João Braz Moreira, bisneto de Camilo da Maia Moreira, o qual tinha uma sesmaria em São Francisco do Sul. Segundo seu neto Dr. Timotheo B. Moreira Filho, o João B. Moreira, então habitante de Parati, hoje município de Araquari-SC, “resolveu aventurar, vindo para Rio Negro, onde abriu um comércio, primeiramente nos Campos de São Lourenço, mas, por problemas com os imigrantes germânicos, os quais eram a maioria dominante na região, e o João B. Moreira de origem Moura, de cor morena, cor de cuia, resolveu mudar-se para o Butiá”.

No Butiá, ainda segundo seu neto, ele abriu um comércio no ponto de passagem dos tropeiros, e fez em sua propriedade o ponto de pouso desses viajeiros. Além de ser comerciante estabelecido na região, também exercia a atividade de tropeiro, possuía vinte cargueiros, com os quais, carregados de mercadorias, tropeava até a região de Oxford em São Bento do Sul para negociar. Os produtos ele comprava tanto dos tropeiros vindos de São Paulo quanto dos tropeiros vindos do sul.

João B.Moreira [entre 1870-1930], viveu o movimento tropeiro e viu o início da concorrência com o transporte ferroviário. Mafra, então Rio Negro, no início do séc. XX, já dispunha da Estrada de Ferro, através da qual J.B.Moreira fazia o transporte de mercadorias do litoral para o planalto.

Segundo seu neto, o João B.Moreira enriqueceu no Butiá, ele se fez, tanto no aspecto econômico quanto político. A ele se deve o Cemitério, a Escola, a Igreja, e o Comércio do Butiá, que na época era o mais forte, atendia não somente a população da localidade, mas toda a população da cidade, que de carroção, ou a cavalo se deslocava para comprar no Butiá do Braz.

Os vestígios no Butiá estão manifestos nos casarios, ainda mantidos pela família. São construções todas em madeira de imbuia, assim como todas as demais construções da época. O que explica este tipo de construção era a fartura de madeira na região.

No próximo artigo vamos conhecer os vestígios no trecho entre o Butiá do Braz e o passo do rio São Lourenço e, no terceiro e último artigo vamos conhecer os vestígios no trecho entre o passo do rio São Lourenço ao passo do rio Negro. (Prof. MSc Sandro C. Moreira)